O que dizer de 2016?

Todo final de ano é natural fazermos retrospectivas e balanços. E 2016 não foi um ano fácil. Nem para o mundo, nem para o Brasil. O mesmo se pode dizer para as ONGs que seguem lutando para manter vivo o ideal de uma sociedade mais cidadã, justa e igualitária. Anders Berntsen, coordenador geral do Campo desde o início de 2015, fez uma pequena avaliação do que vivemos nos últimos doze meses. Especialmente, das atividades desenvolvidas pelo Campo em 2016. 

Como você avalia o ano do Campo em meio a situação política e econômica que atravessa o país?

Anders – Sem dúvida foi um ano muito desafiador para o Brasil. Pensando na maioria da população brasileira e nas comunidades onde o Campo atua, a situação está muito preocupante. Penso que a principal preocupação é que o desemprego está aumentando, mas além disso, a crise tem revelado aspectos da sociedade que muitas pessoas achavam pertencer ao passado. Para o Campo como instituição, também foi um ano desafiador. Como projetos antigos estão terminando, o nosso objetivo principal foi captar recursos para continuar a nossa atuação junto aos grupos comunitários com novos projetos. A equipe fez um grande trabalho e conseguimos dois novos projetos importantes, que visam abordar a vergonhosa realidade do saneamento básico em muitas comunidades da periferia. Projetos que irão começar em 2017, além de mantermos a assessoria às creches e aos centros de formação profissional.

Que atividades desenvolvidas durante 2016 você destacaria? 

Anders – Foram muitas atividades e contatos, mas eu destacaria a nossa atividade fundamental que é a assessoria aos centros e as creches. As minhas colegas realmente estão fazendo um trabalho impactante que se manifesta claramente nas atividades das instituições parceiras e das redes de centros e  creches comunitárias. Também acho importante o lançamento do novo site que apresenta o nosso trabalho numa forma cada mais simples e clara.

O Campo mantém sólidas parcerias com instituições europeias e recebeu algumas visitas este ano. Que visitas foram estas?

Anders –  São parceiros que acreditam e confiam no trabalho do Campo há muitos anos, com quem dividimos os mesmos ideais. Eles vem ao Brasil com frequência. Este ano estiveram conosco a Laure Roges, responsável pelos projetos da América Latina do nosso parceiro Disop, Bela Allenberg que é o responsável pelos projetos na América Latina do nosso parceiro Weltfriedensdienst (WFD) e um grupo de belgas relacionado à DISOP, que veio para ver vários projetos do DISOP no Brasil.

Durante as Olimpíadas 2016 o Brasil, mais diretamente o Rio, ganhou atenção mundial. O Campo aproveitou para abrir novas frentes. Conte como foi a reportagem (cuja foto do jornalista em ação tendo você como intérprete  ilustra esta matéria)  feita por um jornal esportivo italiano a um dos centros comunitários assessorados pelo Campo em São Gonçalo? 

Anders – O Antonino Morici que estava no Brasil cobrindo as Olimpíadas para o jornal italiano La Gazzetta dello Sport, queria conhecer um trabalho social  no Rio que não fosse os projetos nas favelas da Zona Sul carioca. Gostamos disso, não porque tenhamos algo contra os projetos realizados na Zona Sul. Nada disso.  Mas é que estes projetos costumam receber mais atenção na mídia do que trabalhos na periferia, e acreditamos que a periferia precisa mais atenção do que o centro. Portanto, convidamos Antonino para conhecer o centro comunitário ENFOCO. Ele conheceu o centro e um projeto de esportes e um cine clube que o centro desenvolve para adolescentes na comunidade. Ele ficou muito satisfeito com o que viu e sua reportagem deu uma ótima visibilidade ao trabalho da Rede e do Campo. No nosso Twitter foram várias curtidas e retuítes. Também ganhamos alguns novos seguidores na Itália.

A instituição também participou de eventos como a Conferência Ethos 360, realizada anualmente em São Paulo e que teve sua primeira edição no Rio de Janeiro em 2016. O que você poderia dizer desta e de outras participações do Campo?

Anders – Acredito que é importante uma organização com Campo estar presente neste tipo de eventos que reúne muitos atores do Terceiro Setor. Para participar nas conversas e debates sobre a agenda atual de políticas sociais em geral e do setor especificamente. Esperamos que nossa participação possa resultar numa certa visibilidade e novos contatos para a instituição .

Ano que vem o Campo completa 30 anos.  A instituição pretende comemorar a data? Algo já está sendo planejado?

Anders – Estamos pensando em fazer uma pequena comemoração para marcar as três décadas, mas ainda não temos nada marcado.